sexta-feira, 30 de junho de 2017

Suficiência da Palavra de Deus



Estou lendo um livro que muito tem me edificado, e senti arder em meu coração o desejo de compartilhar um trecho que me chamou a atenção.
O livro é:
NOSSA SUFICIÊNCIA EM CRISTO
John F. MacArthur, Jr. – Segunda edição em português 2001 – Editora Fiel

A parte especifica que colocarei aqui se encontra no capitulo 4 intitulado “A Verdade em um Mundo de Teoria”, mais precisamente em um subtítulo “Um Salmo Sobre a Suficiência da Palavra de Deus”. Entre as páginas 64 e 73.

O Salmo 19.7-14 é a afirmativa mais monumental, feita em termos tão precisos, sobre a suficiência das Escrituras. Escrito por Davi, sob a inspiração do Espírito Santo, este salmo oferece um testemunho inabalável do próprio Deus sobre a suficiência de sua Palavra para cada situação.

A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma;
O testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices.
Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração.
O mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos.
O temor do Senhor é límpido e permanece para sempre;
Os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente justos.
São mais desejáveis do que o ouro, mais do que muito ouro depurado;
e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos.
Além disso, por eles se admoesta o teu servo;
em os guardar, há grande recompensa.
Quem há que possa discernir as próprias faltas?
Absolve-me das que me são ocultas.
Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine;
então serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão.
As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração
sejam agradáveis na sua presença,
Senhor, rocha minha e redentor meu!

Com poucas palavras, o Espírito Santo nos dá uma lista abrangente das características e benefícios das Escrituras, cada qual merecendo nossa investigação detalhada.

Cada uma das seis afirmativas ressalta uma característica da Palavra de Deus e descreve os efeitos que ela produz na vida de quem a recebe.

Davi afirma: "A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma". A palavra hebraica traduzida por "lei" é torah, que enfatiza a natureza didática das Escrituras. Aqui, Davi a usa para se referir às Escrituras como a totalidade do que Deus revelou para nossa instrução, quer seja credo (o que cremos), caráter (o que somos) ou conduta (o que fazemos).

"Perfeito" é a tradução de uma palavra hebraica comum que significa "inteira", "completa" ou "suficiente". Ela transmite a idéia de algo amplo, que cobre todos os aspectos de uma questão.

A Escritura é abrangente, envolvendo tudo quanto é neces­sário para a vida espiritual de alguém. Entende-se que Davi contrasta a Palavra com o imperfeito, insuficiente e falho raciocínio dos homens.

A perfeita lei de Deus afeta a pessoa, restaurando-lhe a alma. A palavra hebraica traduzida por "restaura" pode significar "converte", "revive" ou "refresca"; mas o meu sinônimo favorito é "transforma". A palavra "alma" (em hebraico, nephesh) se refere à pessoa, o eu, o coração de alguém. Ela é traduzida assim (e de muitas outras maneiras) no Velho Testamento. A essência dela é a pessoa interior, a pessoa inteira, o verdadeiro "eu". Parafraseando as palavras de Davi: a Escritura é tão poderosa e abrangente que pode converter e transformar a pessoa toda, tornando-a em alguém precisamente como Deus quer que ela seja. A Palavra de Deus é suficiente para restaurar, através da salvação, até a vida mais arrasada.

Davi, ampliando o alcance da suficiência das Escrituras, escreve: "O testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices". "Testemunho" fala das Escrituras como um depoimento divino. A Escritura é o fiel testemunho de Deus, mostrando quem Ele é e o que requer de nós. "Fiel" significa que o testemunho de Deus é inabalável, irremovível, inconfundível, seguro e digno de confiança. Ele prove um fundamento sobre o qual podemos construir nossas vidas e destinos eternos.

As Escrituras são o resultado da obra do Espírito de Deus movendo-se sobre os autores humanos, para produzir sua Palavra na forma escrita (2Pe 1.20-21). Como tal, ela põe de lado até mesmo experiências apostólicas vividas com o próprio Jesus. Talvez seja por isso que Jesus impediu que os discípulos, na estrada de Emaús, O reconhecessem enquanto Ele "expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras" (Lc 24.27). Ele queria que a fé e a pregação deles fossem alicerçadas nas Escrituras, não apenas em sua experiência pessoal, ainda que essa experiência pudesse ter sido comovente ou memorável. Se isso era verdade quanto aos apóstolos, quanto mais deveriam os crentes, em nossos dias, procurar conhecer a Deus, ao invés de buscarem experiências sobrenaturais ou de êxtase. A experiência pode facilmente ser falsificada, mas as Escrituras não. Ela foi consumada e definitiva­mente entregue aos homens.

A fiel Palavra de Deus transforma o símplice em sábio. A palavra hebraica traduzida por "símplice" vem de uma expressão que significa "uma porta aberta". Ela evoca a imagem de uma pessoa ingênua que não sabe quando fechar sua mente contra o ensinamento falso e impuro. Ela não tem discernimento, é ignorante e influenciável. Mas a Palavra de Deus a torna sábia. "Sábio" fala não de alguém que meramente conhece um fato, mas de alguém que é habilidoso na arte do viver santo. Ele se submete às Escrituras e sabe aplicá-las às suas circunstâncias. A Palavra de Deus, então, toma uma mente simples, sem discernimento, e a torna hábil em todas as questões da vida. Isto, também, está em contraste com a sabedoria dos homens, a qual, na realidade, é loucura (1Co 1.20).

Davi acrescenta uma terceira declaração sobre a suficiência das Escrituras. "Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração". Preceitos são orientações e princípios divinos para o caráter e a conduta. Visto que Deus nos criou e sabe como devemos viver, a fim de sermos produtivos para sua glória, Ele pôs nas Escrituras todos os princípios que necessitamos para o viver santo.

Os preceitos de Deus, disse Davi, são "retos". Em vez de simplesmente indicar o que é reto, em oposição ao que é errado, essa palavra tem o sentido de mostrar a alguém o caminho verdadeiro. As verdades das Escrituras delineiam a trilha apropriada através do intrincado labirinto da vida. Essa é uma confiança maravilhosa. Tantas pessoas hoje estão aflitas ou abatidas porque carecem de direção e propósito. A maioria busca respostas em fontes erradas. A Palavra de Deus não somente fornece luz para o nosso caminho (Sl 119.105), mas também determina a rota à nossa frente.

Visto que ela nos conduz num viver correto, a Palavra de Deus nos traz grande alegria. Se você está deprimido, ansioso, temeroso, duvidoso, aprenda a obedecer o conselho de Deus e desfrute o prazer que disso resulta. Não se volte para a auto-estima e a auto-realização. Concentre-se na verdade divina. Nela você encontrará gozo verdadeiro e duradouro. Todas as outras fontes são superficiais e passageiras.

O salmista se voltava às Escrituras em busca de ajuda, quando estava desanimado e deprimido — "O que me consola na minha angústia é isto: que a tua palavra me vivifica" (Sl 119.50). Nova­mente isso fala contra a futilidade manifestada pelos homens, ao trilharem caminhos que não satisfazem, procurando a felicidade sem nunca conseguir encontrá-la.

Até mesmo Jeremias, o "profeta chorão", experimentou gozo em meio a tremenda angústia humana, porque a Palavra de Deus era sua alegria e o prazer do seu coração (Jr 15.16).

O Salmo 19.8 dá uma quarta característica da absoluta suficiência da Escritura: "O mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos". "Mandamento" enfatiza a natureza não-opcional da Bíblia. A Bíblia não é um livro de sugestões. Suas ordens divinas possuem autoridade e são obrigatórias. Aqueles que tratam essas ordens com leviandade se colocam em eterno perigo. Aqueles que as levam a sério encontram bênção eterna.

"Puro" poderia ser melhor traduzido por "lúcido", pois a Escritura não é obscura, confusa ou enigmática. O sinônimo "claro" é melhor. A Palavra de Deus é uma revelação da verdade para tornar as coisas obscuras em claras, trazendo a eternidade em foco nítido. Certamente há coisas nas Escrituras que são difíceis de entender (2Pe 3.16). Mas tomada como um todo, a Bíblia não é um livro confuso.

As Escrituras, por causa de sua absoluta clareza, trazem entendimento onde há ignorância, ordem onde há confusão e luz onde há escuridão espiritual e moral. Ela está em forte contraste com os confusos pensamentos dos homens não-redimidos, os quais, em si mesmos, são cegos e incapazes de discernir a verdade ou viver retamente. A Palavra de Deus claramente revela benditas e esperançosas verdades que eles nunca podem ver.

No verso 9, Davi usa a palavra "temor" como sinônimo para a palavra de Deus: "O temor do Senhor é límpido e permanece para sempre". "Temor" fala da admiração reverente a Deus que nos compele a adorá-Lo. A Bíblia, neste sentido, é o manual de Deus sobre como adorá-Lo.

A palavra hebraica traduzida por "límpido" fala da ausência de impureza, sujeira, contaminação ou imperfeição. A Escritura é eterna e inalteravelmente perfeita. Jesus afirmou: "Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão" (Mc 13.31). Isso garante que a Bíblia é permanente, imutável e, portanto, relevante para todos, em qualquer época da história. Ela sempre foi e sempre será suficiente.

O versículo 9 dá a característica e o efeito final da toda suficiência Palavra de Deus: "Os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente justos". "Juízos", nesse contexto, significam ordenanças ou veredictos divinos que procedem do trono do supremo Juiz da terra. A Bíblia é o padrão de Deus para julgar a vida e o destino eterno de toda criatura.

Os incrédulos não podem saber o que é a verdade, porque estão cegos em relação à Palavra de Deus. Sendo enganados por Satanás, eles buscam em vão a verdade espiritual. Mas, à parte da Palavra de Deus não podem descobrir a verdade absoluta sobre as coisas que realmente importam: a origem e o propósito da vida, moralidade, valores, vida, morte, destino, eternidade, céu, inferno, verdadeiro amor, esperança, segurança e qualquer outra questão básica à vida espiritual.

Em contraste, os crentes têm a verdade a respeito de tudo o que realmente importa. Que grande privilégio é possuir a Palavra da Verdade!

Por ser verdadeira, a Escritura é totalmente justa (Sl 19.9). A implicação dessa afirmativa é que a veracidade da Bíblia produz uma justiça abrangente naqueles que a aceitam. E, visto que ela é uma completa e exaustiva fonte de verdade e justiça, somos proibidos de acrescentar-lhe, tirar-lhe ou distorcê-la de qualquer forma (Dt 4.2; Ap 22.18-19; 2 Pe 3.15-16).



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