Estou lendo um livro que muito tem
me edificado, e senti arder em meu coração o desejo de compartilhar um trecho
que me chamou a atenção.
O livro é:
NOSSA SUFICIÊNCIA
EM CRISTO
John F. MacArthur, Jr. – Segunda
edição em português 2001 – Editora Fiel
A parte especifica que colocarei
aqui se encontra no capitulo 4 intitulado “A Verdade em um Mundo de Teoria”,
mais precisamente em um subtítulo “Um Salmo Sobre a Suficiência da Palavra de
Deus”. Entre as páginas 64 e 73.
O Salmo
19.7-14 é a afirmativa mais monumental, feita em termos tão precisos, sobre a
suficiência das Escrituras. Escrito por Davi, sob a inspiração do Espírito
Santo, este salmo oferece um testemunho inabalável do próprio Deus sobre a
suficiência de sua Palavra para cada situação.
A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma;
O
testemunho do Senhor é fiel e dá
sabedoria aos símplices.
Os
preceitos do Senhor são retos e
alegram o coração.
O
mandamento do Senhor é puro e
ilumina os olhos.
O temor
do Senhor é límpido e permanece
para sempre;
Os juízos
do Senhor são verdadeiros e todos
igualmente justos.
São mais
desejáveis do que o ouro, mais do que muito ouro depurado;
e são
mais doces do que o mel e o destilar dos favos.
Além
disso, por eles se admoesta o teu servo;
em os
guardar, há grande recompensa.
Quem há
que possa discernir as próprias faltas?
Absolve-me
das que me são ocultas.
Também da
soberba guarda o teu servo, que ela não me domine;
então
serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão.
As
palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração
sejam
agradáveis na sua presença,
Senhor, rocha
minha e redentor meu!
Com poucas palavras, o Espírito Santo nos dá uma
lista abrangente das características e benefícios das Escrituras, cada qual merecendo
nossa investigação detalhada.
Cada uma das seis afirmativas ressalta uma
característica da Palavra de Deus e descreve os efeitos que ela produz na vida
de quem a recebe.
Davi afirma: "A lei do Senhor é perfeita e restaura a
alma". A palavra hebraica traduzida por "lei" é torah, que
enfatiza a natureza didática das Escrituras. Aqui, Davi a usa para se referir
às Escrituras como a totalidade do que Deus revelou para nossa instrução, quer
seja credo (o que cremos), caráter (o que somos) ou conduta (o que fazemos).
"Perfeito"
é a tradução de uma palavra hebraica comum que significa "inteira",
"completa" ou "suficiente". Ela transmite a idéia de algo
amplo, que cobre todos os aspectos de uma questão.
A Escritura é abrangente, envolvendo tudo quanto é
necessário para a vida espiritual de alguém. Entende-se que Davi contrasta a
Palavra com o imperfeito, insuficiente e falho raciocínio dos homens.
A perfeita lei de Deus afeta a pessoa,
restaurando-lhe a alma. A palavra hebraica traduzida por "restaura"
pode significar "converte", "revive" ou
"refresca"; mas o meu sinônimo favorito é "transforma". A
palavra "alma" (em hebraico, nephesh) se refere à pessoa, o
eu, o coração de alguém. Ela é traduzida assim (e de muitas outras maneiras) no
Velho Testamento. A essência dela é a pessoa interior, a pessoa inteira, o
verdadeiro "eu". Parafraseando as palavras de Davi: a Escritura é tão
poderosa e abrangente que pode converter e transformar a pessoa toda,
tornando-a em alguém precisamente como Deus quer que ela seja. A Palavra de
Deus é suficiente para restaurar, através da salvação, até a vida mais
arrasada.
Davi, ampliando o alcance da suficiência das
Escrituras, escreve: "O testemunho do Senhor
é fiel e dá sabedoria aos símplices". "Testemunho" fala
das Escrituras como um depoimento divino. A Escritura é o fiel testemunho de
Deus, mostrando quem Ele é e o que requer de nós. "Fiel" significa
que o testemunho de Deus é inabalável, irremovível, inconfundível, seguro e
digno de confiança. Ele prove um fundamento sobre o qual podemos construir
nossas vidas e destinos eternos.
As Escrituras são o resultado da obra do Espírito
de Deus movendo-se sobre os autores humanos, para produzir sua Palavra na forma
escrita (2Pe 1.20-21). Como tal, ela põe de lado até mesmo experiências
apostólicas vividas com o próprio Jesus. Talvez seja por isso que Jesus impediu
que os discípulos, na estrada de Emaús, O reconhecessem enquanto Ele
"expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras"
(Lc 24.27). Ele queria que a fé e a pregação deles fossem alicerçadas nas
Escrituras, não apenas em sua experiência pessoal, ainda que essa experiência
pudesse ter sido comovente ou memorável. Se isso era verdade quanto aos
apóstolos, quanto mais deveriam os crentes, em nossos dias, procurar conhecer a
Deus, ao invés de buscarem experiências sobrenaturais ou de êxtase. A
experiência pode facilmente ser falsificada, mas as Escrituras não. Ela foi
consumada e definitivamente entregue aos homens.
A fiel Palavra de Deus transforma o símplice em
sábio. A palavra hebraica traduzida por "símplice" vem de uma
expressão que significa "uma porta aberta". Ela evoca a imagem de uma
pessoa ingênua que não sabe quando fechar sua mente contra o ensinamento falso
e impuro. Ela não tem discernimento, é ignorante e influenciável. Mas a Palavra
de Deus a torna sábia. "Sábio" fala não de alguém que meramente
conhece um fato, mas de alguém que é habilidoso na arte do viver santo. Ele se
submete às Escrituras e sabe aplicá-las às suas circunstâncias. A Palavra de
Deus, então, toma uma mente simples, sem discernimento, e a torna hábil em
todas as questões da vida. Isto, também, está em contraste com a sabedoria dos
homens, a qual, na realidade, é loucura (1Co 1.20).
Davi acrescenta uma terceira declaração sobre a
suficiência das Escrituras. "Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração". Preceitos são
orientações e princípios divinos para o caráter e a conduta. Visto que Deus nos
criou e sabe como devemos viver, a fim de sermos produtivos para sua glória,
Ele pôs nas Escrituras todos os princípios que necessitamos para o viver santo.
Os preceitos de Deus, disse Davi, são
"retos". Em vez de simplesmente indicar o que é reto, em oposição ao
que é errado, essa palavra tem o sentido de mostrar a alguém o caminho
verdadeiro. As verdades das Escrituras delineiam a trilha apropriada através do
intrincado labirinto da vida. Essa é uma confiança maravilhosa. Tantas pessoas
hoje estão aflitas ou abatidas porque carecem de direção e propósito. A maioria
busca respostas em fontes erradas. A Palavra de Deus não somente fornece luz
para o nosso caminho (Sl 119.105), mas também determina a rota à nossa frente.
Visto que ela nos conduz num viver correto, a
Palavra de Deus nos traz grande alegria. Se você está deprimido, ansioso,
temeroso, duvidoso, aprenda a obedecer o conselho de Deus e desfrute o prazer
que disso resulta. Não se volte para a auto-estima e a auto-realização.
Concentre-se na verdade divina. Nela você encontrará gozo verdadeiro e
duradouro. Todas as outras fontes são superficiais e passageiras.
O salmista se voltava às Escrituras em busca de
ajuda, quando estava desanimado e deprimido — "O que me consola na minha
angústia é isto: que a tua palavra me vivifica" (Sl 119.50). Novamente
isso fala contra a futilidade manifestada pelos homens, ao trilharem caminhos
que não satisfazem, procurando a felicidade sem nunca conseguir encontrá-la.
Até mesmo Jeremias, o "profeta chorão",
experimentou gozo em meio a tremenda angústia humana, porque a Palavra de Deus
era sua alegria e o prazer do seu coração (Jr 15.16).
O Salmo 19.8 dá uma quarta característica da
absoluta suficiência da Escritura: "O mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos".
"Mandamento" enfatiza a natureza não-opcional da Bíblia. A Bíblia não
é um livro de sugestões. Suas ordens divinas possuem autoridade e são
obrigatórias. Aqueles que tratam essas ordens com leviandade se colocam em
eterno perigo. Aqueles que as levam a sério encontram bênção eterna.
"Puro" poderia ser melhor traduzido por
"lúcido", pois a Escritura não é obscura, confusa ou enigmática. O
sinônimo "claro" é melhor. A Palavra de Deus é uma revelação da
verdade para tornar as coisas obscuras em claras, trazendo a eternidade em foco
nítido. Certamente há coisas nas Escrituras que são difíceis de entender (2Pe
3.16). Mas tomada como um todo, a Bíblia não é um livro confuso.
As Escrituras, por causa de sua absoluta clareza,
trazem entendimento onde há ignorância, ordem onde há confusão e luz onde há
escuridão espiritual e moral. Ela está em forte contraste com os confusos
pensamentos dos homens não-redimidos, os quais, em si mesmos, são cegos e
incapazes de discernir a verdade ou viver retamente. A Palavra de Deus
claramente revela benditas e esperançosas verdades que eles nunca podem ver.
No verso 9, Davi usa a palavra "temor"
como sinônimo para a palavra de Deus: "O temor do Senhor é límpido e permanece para sempre". "Temor"
fala da admiração reverente a Deus que nos compele a adorá-Lo. A Bíblia, neste
sentido, é o manual de Deus sobre como adorá-Lo.
A palavra hebraica traduzida por
"límpido" fala da ausência de impureza, sujeira, contaminação ou
imperfeição. A Escritura é eterna e inalteravelmente perfeita. Jesus afirmou:
"Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão" (Mc
13.31). Isso garante que a Bíblia é permanente, imutável e, portanto, relevante
para todos, em qualquer época da história. Ela sempre foi e sempre será
suficiente.
O versículo 9 dá a característica e o efeito final
da toda suficiência Palavra de Deus: "Os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente justos".
"Juízos", nesse contexto, significam ordenanças ou veredictos divinos
que procedem do trono do supremo Juiz da terra. A Bíblia é o padrão de Deus
para julgar a vida e o destino eterno de toda criatura.
Os incrédulos não podem saber o que é a verdade,
porque estão cegos em relação à Palavra de Deus. Sendo enganados por Satanás,
eles buscam em vão a verdade espiritual. Mas, à parte da Palavra de Deus não
podem descobrir a verdade absoluta sobre as coisas que realmente importam: a
origem e o propósito da vida, moralidade, valores, vida, morte, destino,
eternidade, céu, inferno, verdadeiro amor, esperança, segurança e qualquer
outra questão básica à vida espiritual.
Em contraste, os crentes têm a verdade a respeito
de tudo o que realmente importa. Que grande privilégio é possuir a Palavra da
Verdade!
Por ser verdadeira, a Escritura é totalmente justa
(Sl 19.9). A implicação dessa afirmativa é que a veracidade da Bíblia produz
uma justiça abrangente naqueles que a aceitam. E, visto que ela é uma completa
e exaustiva fonte de verdade e justiça, somos proibidos de acrescentar-lhe,
tirar-lhe ou distorcê-la de qualquer forma (Dt 4.2; Ap 22.18-19; 2 Pe 3.15-16).
Nenhum comentário:
Postar um comentário