E saiu aquele homem para o
oriente, tendo na mão um cordel de medir; e mediu mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me
davam pelos artelhos.
E mediu mais mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que davam
pelos joelhos; e outra vez mediu mil, e me fez passar pelas águas que me davam pelos lombos.
E mediu mais mil, e era um rio,
que eu não podia atravessar, porque as
águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, rio pelo qual não
se podia passar. Ezequiel 47:3-5
Não sou
uma pessoa esportista, e também não tive uma infância muito próxima à natureza.
Por isso desde já peço que me perdoem se não conseguir expressar claramente
aquilo que tenho sentido no coração sobre essa Palavra que veio ao meu encontro
assim que despertei.
Rio
de águas vivas!
O rio que
está a nossa a nossa frente, como um convite, para que possamos nos refrescar,
matar a nossa sede, nos limpar e nos conduzir a experiências indescritíveis na
presença do PAI!
Uma “vida
espiritual” disponível a todo aquele que crê: João 7:38.
Lembro-me
de quando criança, fui levada pelos meus pais a um clube com piscinas, ali fui
conduzida à piscina infantil, onde a água não passava da minha cintura, 30 a 50
cm provavelmente, e como eu na minha inocência ansiava por ter acesso à piscina
dos adultos, pois queria mergulhar e dar braçadas livres, como vira na TV;
devia ser simples, pensava eu, apenas entrar, soltar o corpo e se deixar
envolver enquanto me conduzia para onde quisesse, me mantendo a salvo de
acidentes que uma criança jamais imagina existir!
Todos
podem imaginar o susto e a frustração que senti quando numa tentativa assistida
por meu pai, percebi que não sabia nadar, e que não era tão simples quanto
imaginara. Ainda assim, observava os adultos com “aparente controle”, e ansiava
em aprender. Foi quando minha mãe começou explicar-me das reais situações escondidas
em uma grande quantidade de águas. Ela me contara de como experientes nadadores
eram enredados e levados por águas profundas, correntezas fortes, ondas
traiçoeiras e por fraquezas do corpo humano, como a câimbra.
Enfim,
desiludida, procurei me manter longe do perigo enquanto minha alma ansiava
experimentar emoções criadas pela minha imaginação.
Lendo a
Palavra percebi que existe algo que nos foge a compreensão: “O
quanto as águas são envolventes!”
Mas
também observei o quanto à maioria de nós se limita por medo, “há quem chame de prudência”. Uma vez que
se entregar àquilo que não compreendemos nos assusta!
Quando fomos
a uma praia, ainda na minha infância, percebia as muitas pessoas que não se
aventuravam além dos joelhos. Estes faziam questão de repetir os alertas feitos
antes por minha mãe: “a água é traiçoeira, te arrasta para o fundo e você nem
percebe!”
Mas que
prazer envolve aqueles que se arriscam, e que ainda mantendo um nível de
prudência! Avançam um pouco mais, deixando seus corpos flutuarem e serem
embalados pela branda agitação das águas!
Depois de
ser amedrontada foram poucas vezes que usufrui do prazer que descrevi.
Voltemos
à Palavra escrita pelo profeta Ezequiel.
Naquela
aventura ele não precisava temer, pois estava acompanhado por um anjo que o
conduzia. E assim descrevia que enquanto avançavam, partes do seu corpo era alcançada
pela água, e conseqüentemente podia sentir o envolvimento de seus membros por
aquelas águas que depois é descrita como águas que curam!
Fazendo
um paralelo com minha infância percebi: “Quantos de nós poderíamos ter uma
experiência como a do profeta, mas estamos temendo o desconhecido?”
Quando
conhecemos o evangelho pela primeira vez, é comum ouvir testemunhos de pessoas
com as mais variadas e incríveis experiências na presença de Deus. E como
crianças na fé, ansiamos por ter nossas próprias vivências para contar.
Mas algo
vai acontecendo no decorrer do tempo, descobrimos que não são só rosas, também
existem os espinhos. E que precisamos conviver com os dois.
E não são
poucas as vezes que avaliamos perdas e ganhos, para decidir se vale a pena o
desafio para alcançar alguns propósitos.
É quando a “prudência espiritual” passa a ser uma maldição!
Já somos
salvos, basta não se envolver com o pecado e pronto, entrada garantida no céu!
Mas se
quiser experimentar mais de Deus, sentir Suas águas envolver todo o seu ser,
“corpo, alma e espírito”, terá que enfrentar a fúria do inimigo e abster-se de
momentos pessoais para dedicar-se ao aprendizado do Reino dos Céus.
Isso
significa abandonar a segurança do raso, do conhecido, do palpável ao nosso
raciocínio, e entrar mais fundo. Lembrando que o Espírito Santo sempre nos
acompanhará!
No entanto
quantos de nós fazemos exatamente o que Pedro fez?
Em
determinado momento de nossa aventura sentimos o vento forte, que parece mais
real que o convite feito por Jesus de ir ao Seu encontro andando por sobre as
águas e AFUNDAMOS! Mateus 14:24-31
Assim muitos
ficam a beira do rio, apenas com os pés na água. E ainda criticam os
“aventureiros” que buscam se aprofundar.
Não
podemos negar o frescor e a agradável sensação que a partir de apenas nossos
pés sentimos. Mas por que ficar apenas com os pés nas águas e deixar de sentir
todo o corpo envolvido pelo prazer de uma experiência real com Deus?
Para se manter no controle!
Quando
uma pessoa entra em um rio ela não terá controle completo de onde irá o seu corpo.
Ela pode até dar braçadas, mas dependendo da força da correnteza ela mal
conseguirá manter-se na superfície para respirar.
E no rio
de Deus não é diferente. Quando o profeta afirma: “e
era um rio, que eu não podia atravessar,
porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, rio pelo
qual não se podia passar”. Ele queria dizer que não haveria mais
controle pessoal. Poderiam passar “a nado”, mas o próprio rio é que o conduziria.
Seria
essa a questão que está implícita na mente daqueles que permanecem a margem,
apenas com os pés na água? Ainda que se permitam ir até onde as águas toquem o
lombo, acreditam ser o suficiente e deixam a maiores experiências com o
pretexto de uma “prudência” contra aquilo que não podem entender ou controlar com
certeza?
Pois
assim é experimentar Deus e Seu Reino! Por mais que alguém descreva o que está
sentindo, jamais saberemos se nós mesmos não buscarmos a nossa própria
experiência!
E para os
mais prudentes sinto a necessidade de esclarecer: infelizmente buscamos no
reino físico comparações para os mistérios de Deus. E talvez por isso a
ilustração de entrar no rio de Deus nos amedronte tanto. Mas lembre-se que
Ezequiel não estava só, um anjo o conduzia!
Nessa
seqüência precisamos nos lembrar que as experiências que nos aguardam no rio de
Deus sempre serão acompanhadas por Ele mesmo.
Abraão,
Moisés, José, Daniel, Jonatas, Paulo e muitos outros homens de Deus são
descritos na Sua Palavra como pessoas que em determinado momento se deixaram
conduzir, ainda que não houvesse uma visão clara de qual seria o destino final.
Assim
devemos nós também, entrar nesse Rio, crendo na direção do Espírito Santo de
Deus a nos conduzir para nos lavar das impurezas (Efésios 5:26), saciar
nossa sede (João 4:14), refrescar nossa alma (Salmos 42:2) e nos
envolver por inteiro (Atos 4:31)!
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